:: Pagina iniziale | Autenticati | Registrati | Tutti gli autori | Biografie | Ricerca | Altri siti ::  :: Chi siamo | Contatti ::
:: Poesia | Aforismi | Prosa/Narrativa | Pensieri | Articoli | Saggi | Eventi | Autori proposti | 4 mani  ::
:: Poesia della settimana | Recensioni | Interviste | Libri liberi [eBook] | I libri vagabondi [book crossing] ::  :: Commenti dei lettori ::
 

Ogni lettore, quando legge, legge se stesso. L'opera dello scrittore è soltanto una specie di strumento ottico che egli offre al lettore per permettergli di discernere quello che, senza libro, non avrebbe forse visto in se stesso. (da "Il tempo ritrovato" - Marcel Proust)

Poesia della settimana

Questa poesia è proposta dal 05/11/2018 12:00:00
Pagina aperta 1764 volte, esclusa la tua visita
Ultima visita il Wed Apr 17 19:11:00 UTC+0200 2024

Game Over

di Manuel de Freitas (Biografia/notizie)

« indietro | versione per la stampa | invia ad un amico »
Invita un utente registrato a leggere la poesia della settimana »
# 0 commenti a questo testo: Leggi | Commenta questo testo »


 

Le sei poesie proposte in lingua portoghese sono tratte dal libro: Game Over, di Manuel de Freitas, Alambique Editora

Le traduzioni sono di Roberto Maggiani

 

 

 

 

DEPOIS DO FIM

 

Depois do fim, acumulam-se

os estilhaços e visitam-se

as moradas do costume.

Acendem-se cigarros, em jeito

e desporto, e talvez tudo

isto seja ainda a morte.

 

Não se contam estórias,

improváveis estórias, sobre

a noite que saqueia os corpos,

restituindo-os à memória

do nada. Empilham-se os dias,

com um terror leve e brando,

com a certeza de que não

voltarão, paciência.

 

A voz de ninguém há-de atenuar

esse grito – gestos de fuga

e riso que por descuido apenas

deixamos que existam. Encostados

nulos à parede dos minutos,

à espera de quem prometeu não vir

(com que rosto inábil, venha o diabo

e diga). Não vale a pena o esforço,

a inspiração da mágoa sob

os pulmões desatentos:

 

depois do fim é ainda o princípio.

 

 

 

CAMÕES BURGER

 

É conforme. Já lá vão mais de

quatrocentos anos de tal “conversa

fiada” que poucas penélopes encontrou.

Para alguns, doutos e moralíssimos,

o comércio com as musas não era compatível

com fodas de foder bem dadas, em redondilhas

um pouco maiores do que eles, os necrófagos de serviço.

 

Os tempos mudaram, claro (e as vontades foram

encontrando novos alvos), mas a comédia dos ossos

veio para ficar, incerta, numa praia

insigne de enganos e misérias.

Agora, num intervalo cibernáutico medido

pela ignorância pública, lembram-se

d’O Poeta e de uns versos que a memória canta,

propícios às presidências que tão mal presidem.

 

São gajos novos, ou nem tanto assim,

místicos do “progresso” em que seus redondos

cus assentam, isto é, sobre um povo analfabeto e tudo

que ainda não lê nem sonha a pátria que foi, apenas, pretexto.

 

Porque um homem, por menos que valha,

valerá sempre mais do que esse conluio

de gestos sem alma dentro. A pátria,

meus senhores a pátria, foi esse ocidental

falo lusitano que gostava como Pessoa

de vinhos e de ironia fera. O resto foi cuspir,

cuspir raro na inércia e no inconclusivo ardor

com que um país em saldo se cumpre.

 

 

 

NOVEMBRO

 

Novembro é este calor nos ossos,

insuportável para um corpo antigo

que escolheu no mediterrâneo errado

uma forma aberta de morrer.

E usas adjectivos, pois usas,

nada de tão grave assim, nada

que não sirva para um poema

reescrito até à asfixia, à náusea,

 

para dizer afinal tão-só

que houve uma deslocação

de ar, repentina, e que

o que poderia ter sido teu não foi

pois também o verbo ter está errado.

 

Ao fundo da rua, ao fim,

não há um bandoneón a chorar

por ti. Apenas poeira, sol

e o reclamo de um novo soutien

para aqueles que hão-de amar,

mais tarde, e morrer ou disso

ou doutra coisa qualquer

– até ao último dia.

 

 

 

DEZEMBRO

 

O Inverno este ano chegou mais tarde,

mas de pouco te serve dizê-lo

quando o espelho apenas devolve – se

devolve – o escombro dos teus gestos.

Houve uma lamina de luz (sarà?)

que se encostou a rins excessivamente doceis

e já não viu no amor um grito inoportuno.

 

Talvez nem chova, quem sabe? o próprio

tempo é uma maleita a mais neste planeta

de homens seguros e inconsequentes

onde, na verdade, nunca gostaste de estar.

 

Por isso não te queixes, deixa

alguns lamentos para os que hão-de vir

(se vierem), rasgando o chumbo dos dias

com novos estimulantes e teoremas contra

a morte que talvez venha a ser vencida,

muito para além de Saturno.

 

O futuro é dos outros, como tudo, e seria lastimoso

que viessem dar contigo numa antologia chata,

dessas de encomenda e tudo. O que disseste

foi para ser dito, não para ser lembrado. E a eternidade

tem nomes que cheguem para várias gerações

que talvez achem, com a razão la delas, uma perda

de tempo os versos e a literatura uma coisa vil

como comer carne ou sexo. A posteridade

foi talvez a única puta com quem não desejaste estar,

até porque já cá não estarás então – e a lógica,

para estas coisas, ainda vai servindo, reduzas

ou não ao absurdo os gestos com que foste pó movível.

 

 

 

SESSENTA QUILOS DE PAIXÃO

 

Comecei a escrever um poema sobre ti,

mas esquecei-me do teu rosto

e do modo como o trazes

à altura excessiva do chão. Regressei então

aos meus mais comuns lugares

e falei (como falo sempre)

da morte que pratico sem razão à vista.

 

Por este andar, não volto a encontrar

o meu sonoro estilo adolescente,

tão despido de certezas como de comércios

literários – e torna-se-me difícil

escrever um poema de amor

apenas com os restos de quem fui

e com o pouco que desse amor não tive.

 

Hei-de voltar a ver-te, quem sabe?,

traficando a imperícia sob o cronometro

dos meus ombros – e saberei então

que os eléctricos que se perdem

conduzem invariavelmente a um poema alheio

e que por isso, embora sem ser por isso,

o nosso desencontro é uma estória

inútil entre aspas de betão.

 

 

 

TRANSPORTES PUBLICO & ANGÚSTIAS PRIVADAS

 

Não trazias um retrós,

mas antes uma camisa negra, enfunada,

e a velha carreira de eléctricos

(que eu cheguei a conhecer)

foi substituída por um autocarro

que rescende a pessoas em geral inócuas.

Que fazer do Bernardo, agora?

 

Não pude pensar nisso em que penso tanto,

por vontade técnica de sofrer:

os gestos por detrás do mínimo objecto,

os corredores de angústia inerentes

à feitura da caneta, à tipografia,

ao empregado de balcão que há-de vender ou não

um livro parecido com tantos outros,

onde poemas como este terão de responder

a um código de barras que é especificamente aquele

e que adormecerá pelos séculos quase inconfundido.

 

Os teus olhos proibiam-me estas circunvoluções estéreis.

Ao contrário do ajudante de guarda-livros, mais feliz

portanto, o desejo invade-me para logo me abandonar

e o “amor”, enfim, não tem sido mais

do que uma vontade de morte delegada noutro corpo.

 

Que tem isto a ver com o retrós?

Quase nada, nem Lisboa é ainda a mesma.

Sai na paragem certa. O resto podes ler nos jornais.

 

 

 

Traduzioni di Roberto Maggiani

 

 

 

DOPO LA FINE

 

Dopo la fine, si raccolgono

i frammenti e si visitano

i soliti indirizzi.

Le sigarette si accendono, con stile

e svago, e forse tutto

questo sarà anche la morte.

 

Non si raccontano storie,

improbabili storie, sulla

notte che saccheggia i corpi,

restituendoli alla memoria

del nulla. Si ammucchiano i giorni,

con un terrore leggero e mite,

con la certezza che non

torneranno, pazienza.

 

Nessuna voce dovrebbe attenuare

tale grido – gesti di fuga

e risate che solo per sbaglio

diciamo che esistano. Appoggiati

inesistenti alla parete dei minuti,

in attesa di chi ha promesso di non venire

(con quella faccia imbarazzante, venga il diavolo

e dica). Non vale la pena lo sforzo,

l’inspirazione del dispiacere dentro

i polmoni disattenti:

 

dopo la fine c’è ancora l’inizio.

 

 

 

CAMÕES BURGER

 

È conforme. Sono passati più di

quattrocento anni di tali “parole

inutili” da fargli trovare solo poche penelopi.

Per alcuni, dotti e moralissimi,

il commercio con le Muse non era compatibile

con una cazzo di bella scopata, in versi

un po’ più importanti dei loro, i necrofagi di servizio.

 

I tempi sono cambiati, chiaro (e le volontà hanno

trovato nuovi obiettivi), ma la commedia delle ossa

destinata a durare, incerta, su una spiaggia

insigne di inganni e miserie.

Ora, in un intervallo cibernautico misurato

per l’ignoranza pubblica, si ricordano

del Poeta e di versi che la memoria canta,

propizi alle presidenze che così male presiedono.

 

Sono nuovi tizi, o nemmeno così tanto,

mistici del “progresso” su cui i loro tondi

culi si appoggiano, ossia, sopra un popolo analfabeta e tutto

quello che ancora non legge né sogna la patria che fu, solo, pretesto.

 

Perché un uomo, per meno che valga,

varrà sempre più di questa collusione

di gesti senza anima interiore. La patria,

miei signori la patria, è stata questo occidentale

parlare lusitano che sapeva come Pessoa

di vini e d’ironia ferina. Il resto era sputo,

sputo raro sull’inerzia e sull’ardore inconcludente

con cui un paese in saldo si compra.

 

 

 

NOVEMBRE

 

Novembre è questo calore nelle ossa,

insopportabile per un vecchio corpo

che ha scelto nel Mediterraneo sbagliato

un modo aperto di morire.

E usi aggettivi, perché usi,

niente di così serio, niente

che non rientri in una poesia

riscritta fino all’asfissia, alla nausea,

 

per dire alla fine solo così

che c’è stato uno spostamento

d’aria, improvviso, e che

quello che avrebbe potuto essere tuo non è stato

perché il verbo avere è sbagliato.

 

Alla fine della strada, alla fine,

non c’è un bandoneon a piangere

per te. Solo polvere, sole

e la pretesa di un nuovo reggiseno

per coloro che dovranno amare,

più tardi, e morire o di questo

o di qualsiasi altra cosa

– fino all’ultimo giorno.

 

 

 

DICEMBRE

 

L’inverno quest’anno è arrivato più tardi,

ma è inutile dirtelo

quando lo specchio restituisce solo – se

restituisce – i frammenti dei tuoi gesti.

C’era una lama di luce (vero?)

che si poggiava su reni troppo docili

e non ha più visto nell’amore un grido inopportuno.

 

Forse non piove, chi lo sa? il proprio

tempo è una malattia in più su questo pianeta

di uomini sicuri e insignificanti

dove, in verità, non ti è mai piaciuto stare.

 

Quindi non lamentarti, lascia

alcuni lamenti a coloro che verranno

(se verranno), strappando la pesante proposta dei giorni

con nuovi stimoli e teoremi contro

la morte che forse può essere vinta,

ben oltre di Saturno.

 

Il futuro è degli altri, come tutto il resto, e sarebbe patetico

che venissero a trovarti in un’antologia noiosa,

queste su ordinazione eccetera. Quello che hai detto

doveva essere detto, non per essere ricordato. E l’eternità

ha nomi, che arrivino a molte generazioni

che forse credano, con la loro ragione, una perdita

di tempo i versi e la letteratura una cosa vile

come mangiare carne o fare sesso. I posteri

sono stati forse l’unica puttana con cui non hai desiderato stare,

anche perché allora qui non ci sarai più – e la logica,

per queste cose, ancora serve, riduca

o no all’assurdo i gesti con cui sei stato polvere rimovibile.

 

 

 

SESSANTA CHILI DI PASSIONE

 

Ho iniziato a scrivere un poema su di te,

ma ho dimenticato la tua faccia

e il modo in cui la porti

a un’altezza eccessiva da terra. Sono tornato allora

ai miei luoghi più comuni

e ho parlato (come dico sempre)

della morte che pratico senza ragione evidente.

 

Su questo percorso, non riesco a trovare

il mio sonoro stile adolescente,

così privo di certezze come di commerci

letterari – e diventa difficile per me

scrivere un poema d’amore

solo con i resti di chi ero

e con il poco di quell’amore che non ho avuto.

 

Ci rivedremo, chi lo sa?,

trafficando l’imperizia sotto il cronometro

delle mie spalle – e saprò allora

che i tram che si perdono

invariabilmente conducono a un poema estraneo

e che per questo, sebbene senza esserlo,

il nostro disaccordo è una storia

inutile tra parentesi di cemento.

 

 

 

TRASPORTI PUBBLICI E ANGUSTIE PRIVATE

 

Non hai portato un fil di seta,

ma piuttosto una camicia nera, grossolana,

e la vecchia linea elettrica dei tram

(sono venuto a sapere)

è stata sostituita da un autobus

che fa scendere persone generalmente sicure.

Cosa fare del Bernardo, adesso?

 

Non potevo pensare a ciò a cui penso così tanto,

per la volontà tecnica di soffrire:

i gesti dietro al più piccolo oggetto,

i corridoi dell’angoscia inerenti

alla realizzazione della penna, alla tipografia,

all’impiegato al bancone che deve vendere o meno

un libro simile a molti altri,

dove poesie come questa dovranno rispondere

a un codice a barre che è specificamente quello

e che dormirà nei secoli pressoché confuso.

 

I tuoi occhi mi proibivano queste circonvoluzioni sterili.

Al contrario dell’aiutante del libraio, più felice

quindi, il desiderio m’invade per poi abbandonarmi

e l’”amore”, infine, non è stato più

di una volontà di morte delegata a un altro corpo.

 

Cosa c’entra questo con il fil di seta?

Quasi nulla, né Lisbona è ancora la stessa.

Sono sceso alla fermata giusta. Il resto lo puoi leggere sui giornali.

 

 


# 0 commenti a questo testo: Leggi | Commenta questo testo »